quarta-feira, 20 de novembro de 2013

isto, ou, cuidado, tb pode ser o contrário...

''Não sei como hei-de começar esta carta. Se te começo por pedir desculpas, ou se te digo que ainda te amo. Desculpa-me e ainda te amo. Passaram-se meses desde a última vez que me disseste, que deitavas alguma coisa por mim sem ser indiferença e nostalgia, e estás quase tão distante de mim, como eu da pessoa que agora dás a mão. Não sei ao certo o porquê de te escrever esta carta, mas dei conta de ti ontem. Ontem à tarde estava na minha vida, metido nos meus problemas e enfiado nos meus próprios pensamentos, quando me apercebi que o Inverno estava a chegar, e que o ia passar sozinho. Veio-me uma imagem de ti à cabeça. Foi breve, estavas com um casaco branco e o cabelo castanho enorme a bater-te em baixo dos ombros, e olhaste para mim e sorriste. O sorriso que me costumavas dar, e deste-me durante tanto tempo, só porque sim. Fizesse eu bem, falasse eu mal, estivesse eu num bom ou mau dia, nunca te esqueceste de dizer o quanto gostavas de mim. Outros dos motivos pelos quais te quis escrever foi para te pedir desculpa. Desculpa-me por todas as vezes que te troquei, ou que te menti. Por todas as vezes que te chamei louca, porque sei que em ti há mais sanidade do que em mim algum dia haverá. Fui eu que te fiz assim. Fora de ti, sem nada a perder ou nada a ganhar, que te transformei no monstro de dúvidas e inseguranças que hoje és. Desculpa por todas as vezes que te disse que nunca te haveria de magoar, sabendo que já o tinha feito. Pela capacidade fora do normal que tive de te enganar, ou por todas as vezes que deixei alguém falar mal de ti à minha frente. Desculpa-me ainda mais, por a quantidade enorme de mulheres que usei para esquecer-me do teu sorriso. A culpa não é delas, é minha. Não as odeies por tentar fazer delas uma cópia tua, por tentar cheirá-las e te sentir a ti, ou por quando dizia que as amava antes de as levar para a cama, querer ver-te a ti em baixo de mim a sorrir. A culpa foi sempre minha. Vi-te no outro dia e o meu coração disparou. Estavas incrivelmente bonita, e pela primeira vez compreendi que nunca precisaste de mim para nada. Que sempre foste assim, mulher do teu nariz, bonita, cheia de sorrisos e com uma capacidade fora do normal para te dares bem com as pessoas que gostas. Fui eu que sempre precisei de ti. Que mesmo mais pequena que eu, arranjava conforto em estar nos teus braços. Que não havia voz que me acalmasse mais de manhã, ou que quisesse mais ouvir antes de me deitar. Estavas tão bonita, tão sorridente, com uma cerveja na mão e o cabelo pouco penteado como costumas andar, e estando os dois no mesmo espaço, não deste por mim. Estavas no teu mundo, nos teus problemas, que com força e com todos os meus erros deixei de fazer parte deles. Olhei para ti com mais intensidade do que olhei em todo o tempo que estivemos juntos. Há coisas que só compreendemos quando perdemos alguém. Nunca tinha reparado como o teu sorriso é bonito visto de fora, nem como pareces estar em câmara lenta quando te rodeias das pessoas que gostas. Se um dia fui o teu namorado e tinha gosto em quando passavas, ver todos os homens olharem para ti, e tu, tão ingénua com o teu sorriso me vires beijar a mim sem dar ali por eles, então eu fui o eles. Fui eu que te vi a ti, a passar, com os olhos de expressividade que tens, e o sorriso que mandas quando vês alguém que amas, passar ao meu lado e beijares alguém, que te olhou como um dia te devia ter olhado. Sei que estás apaixonada. Pensei muitas vezes para mim mesmo, que um dia ia mudar. Um dia ia ser o homem que mereces, e que o destino acabou por te fazer encontrar. Que te ia deixar de mentir, fazer chorar, ou dar pouco valor quando aparecias do nada para me perguntar se estava bem. Nós homens, pensamos que quanto mais magoarmos as mulheres, mais elas vão esperar pelo dia em que deixam de ser magoadas para nos começarem a dar valor. Disse-te muitas vezes que tinhas sorte em me ter como namorado, mesmo sabendo que o azar era teu e não meu. Eu devia ter sabido, que uma mulher como tu, tão independente e agarrada aos sonhos, era a sorte que a vida me tinha metido na frente. Por todos os dias mal passados, por todas as mensagens que fiz de conta não ver, por todos os telefonemas em que virei o ecrã para baixo, pelas vezes em que guardei outros números com nomes de amigos, pelas vezes que te mandei uma mensagem a dizer que te amava prestes a ir ter com outra, por as promessas quebradas, por as mentiras e os dias que te afastei da pessoa que acabaste por encontrar, recebi como paga tu mais bonita que nunca, a rires-te e a passar-me ao lado. A vida deu-me como paga, tu, ao meu lado, apaixonada por outra pessoa. Desculpa, ainda te amo.''

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Para de reclamar...

Não reclame de ninguém.
Cada pessoa é o que é, e não será acusando que você conseguirá auxiliar.
Não reclame da vida.
Cada um colhe exactamente o que planta.
Não reclame do clima.
A natureza é sábia e age buscando o equilíbrio das próprias forças.
Não reclame da falta de tempo.
Se não desperdiçar os minutos, você terá sempre as horas de que necessita para
desamparar todos os seus deveres.
Não reclame do que você faz.
Amor e alegria são ingredientes indispensáveis ao êxito de qualquer actividade no bem.
Não reclame excessivamente de você mesmo.
Autocondenar-se pode ser tão pernicioso quanto auto-elogiar-se.
Sempre que observando em nós qualquer tendência à reclamação que ultrapasse os limites do bom senso e da caridade cristâ, oremos suplicando a Deus nos esclareça quanto às próprias deficiências e para que nos ajude a reconhecer na humildade o nosso próprio lugar.
Chico Xavier

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Amor unico e para sempre...

“'Fizeram-nos acreditar que amor mesmo, amor de verdade, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não nos contaram que amor não é accionado, nem chega com hora marcada. Fizeram-nos acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém na nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: nós crescemos através de nós mesmos. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram-nos acreditar numa fórmula chamada “dois em um”: duas pessoas que pensam igual, agem igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram-nos acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram-nos acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que namoram pouco são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeças tortas do que pés tortos. Fizeram-nos acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém nos vai contar isso tudo. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando estiveres muito apaixonado por ti mesmo, vais poder ser muito feliz e apaixonares-te por alguém.” 

John Lennon

terça-feira, 8 de outubro de 2013

rock and roll suicide

"Oh no love! you're not alone
No matter what or who you've been
No matter when or where you've seen
All the knives seem to lacerate your brain
Ive had my share, I'll help you with the pain
You're not alone"

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

por isso não me encaixo no rebanho...

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXXIV" 
Heterónimo de Fernando Pessoa

Acho tão Natural que não se Pense
Que me ponho a rir às vezes, sozinho, 
Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa 
Que tem que ver com haver gente que pensa ... 
Que pensará o meu muro da minha sombra? 
Pergunto-me às vezes isto até dar por mim 
A perguntar-me cousas. . . 
E então desagrado-me, e incomodo-me 
Como se desse por mim com um pé dormente. . . 
Que pensará isto de aquilo? 
Nada pensa nada. 
Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem? 
Se ela a tiver, que a tenha... 
Que me importa isso a mim? 
Se eu pensasse nessas cousas, 
Deixaria de ver as árvores e as plantas 
E deixava de ver a Terra, 
Para ver só os meus pensamentos ... 
Entristecia e ficava às escuras. 
E assim, sem pensar tenho a Terra e o Céu.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O apartheid escolar de Nuno Crato

Daniel Oliveira escreveu...

O governo aprovou, na última quinta-feira, sem grande debate nacional, a possibilidade de financiamento direto aos alunos de colégios privados. No Decreto-Lei, nenhuma carência de oferta pública tem de justificar este apoio. Não há sequer qualquer referência a dificuldades económicas dos subsidiados pelo Estado. Na prática, com os "contratos simples de apoio à família", agora sem qualquer regra de atribuição, o Estado passa a tratar os colégios particulares da mesma forma que trata as escolas públicas (o próprio Crato o confirmou), abatendo na propina do aluno do privado o mesmo que calcula gastar num aluno do Estado.
Acontece que os colégios privados têm vagas finitas. Por isso, basta que haja mais candidatos do que vagas para os alunos terem de ser selecionados. E os critérios de seleção são sempre dois: captar os melhores alunos, para subirem no ranking e serem competitivas, e evitar problemas sociais e disciplinares. Ninguém no seu prefeito juízo acredita que alguma escola privada dispensará, de forma formal ou informal, esta prerrogativa de seleção.
Na realidade, poucos colégios têm ofertas pedagógicas muito diferenciadas em relação ao sistema público. É mais desta capacidade de seleção que a maioria dos colégios vive. Seleção que lhes permite garantir melhores resultados. Não perder tempo com alunos com necessidades educativas especiais, com indisciplina e com problemas sociais é mais do que meio caminho andado para ter um ambiente escolar mais seguro e melhores resultados académicos. É natural que os pais prefiram que os seus filhos estudem neste ambiente mais protegido e selecionado.
De uma forma ou de outra, as escolas privadas continuarão a querer ficar com os melhores alunos e os que não representem qualquer dificuldade social ou disciplinar: meninos não problemáticos de famílias ricas ou de classe média e, com este financiamento, os melhores alunos das famílias carenciadas. Tudo isto com financiamento público (e não, como seria normal e já acontece em alguns colégios, através do mecenato e de bolsas da própria escola). O que quer dizer que as escolas públicas ficarão com o que sobra: os problemas sociais e disciplinares e os alunos com necessidades especiais. Que pai quererá ter o seu filho numa escola que é um ghetto? O que não puder escolher.
O Estado financiará, através dos impostos de todos, um sistema de ensino dual, com escolas para ricos e bons alunos e escolas para pobres e maus alunos. Este sistema de "apartheid escolar", que simpaticamente nos é vendido como sinal de liberdade de escolha, apenas anulará a principal função da escola pública: garantir a igualdade de oportunidades, sem a qual a liberdade é uma mera ilusão.
Em Portugal não é obrigatório ter os filhos nas escolas públicas. As pessoas têm a liberdade de escolher se os querem no ensino público ou privado, em escolas laicas ou religiosas, em escolas portuguesas ou estrangeiras. O que está em debate não essa liberdade, que está garantida e é legítima, mas se o Estado está obrigado a fornecer um serviço público universal e gratuito ou se essa obrigação se estende ao subsídio a empresas privadas que se dedicam à educação.
Neste descreto-Lei o Estado apenas garantirá o financiamento até ao que custa um aluno no sistema público. O que quer dizer que, para os mais carenciados, a liberdade de escolha está limitada a escolas que cobrem abaixo desses preços. Acima disso, teremos famílias ricas, que hoje pagam os colégios sem qualquer financiamento público, a serem subsidiadas para terem os seus filhos nos colégios mais caros do País. Só elas poderão pagar o dinheiro que ainda fica a faltar depois da ajuda do Estado. Só elas continuarão a poder exercer plenamente a liberdade de escolher, entre todas, a escola do seu filho. Porque a liberdade de escolha é sempre finita. E a forma mais justa de a garantir é criar as condições para que as escolas públicas sejam atrativas para todos. Escolas interclassistas e de qualidade. O que implica recursos financeiros que esta estratégia desviará para colégios que têm como objetivo (legítimo) o lucro.
Mas vale a pena não ficar apenas no terreno dos princípios. Conhecemos o País onde vivemos. Sabemos como faz o Estado negócios com os privados. E até temos alguma experiência no financiamento público de colégios privados, através dos contratos de associação. Um dos exemplos foi relatado pela TVI e dei nota dele num dos meus textos: a GPS, um grupo privado com 24 escolas. Um grupo que, apesar de piores condições do que as escolas públicas vizinhas, conseguiu, através de bons contactos no Ministério, desviar alunos que o público tinha condições para receber para as suas escolas.
Pode dar-se o caso deste Decreto-Lei resultar apenas do fanatismo ideológico de Crato. Mas não deixa de ser curioso que isto surja num momento em que milhares de famílias de classe média retiram, por falta de condições financeiras, os seus filhos das escolas privadas. O que está a causar enormes problemas a muitos colégios. Mas que era, ironicamente, uma excelente notícias para as escolas públicas, que viam a classe média a regressar, garantindo uma escola mais interclassista, como existia nos anos 80. Nada que entusiasme o ministro. Enquanto continua os cortes na Educação e inicia um ano letivo com o caos instalado nas escolas públicas, Crato parece estar mais interessado em gastar as suas energias e os nossos impostos para salvar os colégios em aflição.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Amor sem regresso

Sempre te disse que não me apaixonava, mas apaixonei-me por ti.
Sempre me disseste que foi uma paixão doentia e obcecada, mas sempre te vou dizer que é honesta, linda e até doce e o problema é ser maior que podias imaginar e preparada para retribuir.
Envolvi-me de tal forma no nosso mundo que acabei por me perder do meu. Contagiaste-me com esse teu sorriso meio criança mas feliz e acreditei que eu próprio poderia viver essa felicidade contigo. 
Porra, apaixonei-me mesmo por ti. 
E tu és tão teimosa que preferiste viver fechada num mundo de sucessos, mas frio...
Sempre acreditei que o nosso amor era de uma força inesgotável e espero que ele volte. Mas ainda não voltou.
Encostei a porta na esperança que a abrisses sorrateiramente enquanto dormia, na cama fria pela tua ausência  e adormecesses profundamente junto a mim, para acordarmos diretamente para os nossos sonhos.
Agora olho para ti presa a uma vida que nunca terá um futuro e pergunto-me quando será o dia que voltarás a ser a mulher por quem me apaixonei, firme e determinada, de uma arrogância agridoce que fez de ti uma mulher independente e lutadora, envolvida na sensibilidade de uma pele arrepiada, apaixonada pela emoção das palavras, sorrisos, olhares, pela química do tocar dos nosso corpos...
Estás doente, diferente, assim como eu estou. Nunca pensei que o amor matasse, mas eu estou a morrer, e mesmo q não saibas, tu estás a morrer. 
A febre contagiou a tua alma e o teu corpo treme de medo, pânico e terror, mesmo que lá no fundo escondido sobre camadas e camadas de tudo que não é amor.
Desististe de ti mesma e agora estás a perecer, como se morrer fosse a única forma de enterrar esse amor que destruiu tudo o que construíste.
Pintei as paredes de tua casa de branco, como me pediste. Não desgosto, mas falta-lhes cor, a mesma cor com que pintavas os meus dias. Faltam as cores e personalidade com que pintavas todas as telas que me pediste para encaixotar. A tua casa está despida como a tua alma. 
Vou embora e vou fechar a porta porque esse teu amor não vai voltar, tu sabes que não vou voltar.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Urgentemente

É urgente o amor
É urgente um barco no mar

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos, muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"

segunda-feira, 8 de julho de 2013

"Os Versos do Capitão"

Tu És em Mim Profunda Primavera 
O sabor da tua boca e a cor da tua pele,
pele, boca, fruta minha destes dias velozes,
diz-me, sempre estiveram contigo
por anos e viagens e por luas e sóis
e terra e pranto e chuva e alegria,
ou só agora, só agora
brotam das tuas raízes
como a água que à terra seca traz
germinações de mim desconhecidas
ou aos lábios do cântaro esquecido
na água chega o sabor da terra?

Não sei, não mo digas, tu não sabes.
Ninguém sabe estas coisas.
Mas, aproximando os meus sentidos todos
da luz da tua pele, desapareces,
fundes-te como o ácido
aroma dum fruto
e o calor dum caminho,
o cheiro do milho debulhado,
a madressilva da tarde pura,
os nomes da terra poeirenta,
o infinito perfume da pátria:
magnólia e matagal, sangue e farinha,
galope de cavalos,
a lua poeirenta das aldeias,
o pão recém-nascido:
ai, tudo o que há na tua pele volta à minha boca,
volta ao meu coração, volta ao meu corpo,
e volto a ser contigo a terra que tu és:
tu és em mim profunda primavera:
volto a saber em ti como germino.

Pablo Neruda, in "Os Versos do Capitão"

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Fernando Pessoa, o Ridiculo!

O Fernando Pessoa também pensava com o coração.

"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,

Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,

Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia

Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje

As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,

Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)"

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A Secret of Love

My wife got sick. She was constantly nervous because of problems at work, personal life, her failures and problems with children. She has lost 30 pounds and weighted about 90 pounds in her 35 years. She got very skinny, and was constantly crying. She was not a happy woman. She had suffered from continuing headaches, heart pain and jammed nerves in her back and ribs. She did not sleep well, falling asleep only in the morning and got tired very quickly during the day. Our relationship was on the verge of break up. Her beauty was leaving her somewhere, she had bags under her eyes, she was poking her head, and stopped taking care of herself. She refused to shoot the films and rejected any role. I lost hope and thought that we’ll get divorced soon… But then I decided to act on it. After all I’ve got the most beautiful woman on the earth. She is the ideal of more than half of men and women on earth, and I was the one allowed to fall asleep next to her and to hug her shoulders. I began to pepper her with flowers, kisses and complements. I surprised her and pleased every minute. I gave her lots of gifts and lived just for her. I spoke in public only about her. I incorporated all themes in her direction. I praised her in front of her own and our mutual friends. You won’t believe, but she has blossomed. She became even better than before. She gained weight, was no longer nervous and she loved me even more than ever. I had no clue that she CAN love that much.



And then I realized one thing: ""The woman is the reflection of her man""

terça-feira, 18 de junho de 2013

Implodir...

Para quem não conhece a realidade do ensino em Portugal, é a realidade que
os políticos e a maioria dos portugueses desconhece ou faz que não conhece.

 Carta aberta ao Professor Nuno Crato João A. Moreira, em 14.06.13

Caro Professor Nuno Crato, Acredite que é com im ...enso desgosto que lhe
escrevo esta carta aberta. Habituei-me, durante anos, a ler e a concordar
com o muito que foi escrevendo sobre o estado do ensino em Portugal. Dos
manuais desadequados à falta de exames capazes de avaliar o real grau de
aprendizagem dos alunos; do laxismo instituído à falta de autoridade dos
professores; do absoluto desconhecimento do que se passava nas escolas, por
parte do Ministério da Educação à permanente falta de materiais e condições
nas escolas. Durante anos, também eu me revoltei com a transformação da
escola pública em laboratório de experiências por parte de políticos,
pedagogos e supostos especialistas em educação. Foi por isso com esperança
que me congratulei com a sua nomeação para Ministro da Educação do actual
governo. Por isso, Professor Nuno Crato, me surpreende que, à semelhança dos
seu antecessores, não tenha sido capaz de resistir à tentação de transformar
os seus colegas de profissão nos maus da fita, mandriões, calaceiros,
incapazes de trabalhar míseras 40 horas por semana. Surpreende-me e
entristece-me. Sabe, Professor Nuno Crato, sou filho de professores e
durante a minha infância e adolescência habituei-me a compartilhar o meu
tempo, os meus livros, os meus cadernos e muitas vezes o meu almoço e o meu
lanche, com os milhares de crianças que, ao longo de anos de esforço e
dedicação, eles ajudaram a educar pelas aldeias mais recônditas do nosso
país. Habituei-me a aguardar pacientemente a sua chegada tardia, os
trabalhos para corrigir, as aulas para preparar, para que restasse um pedaço
de tempo para uma história, uma conversa, um mimo. Nunca lhes pressenti na
expressão uma nota de arrependimento, antes de felicidade, por um trabalho
que adoravam fazer e que eu adorava que fizessem. E, não imagina o orgulho
que sentia quando nos cruzávamos com muitos dos seus ex-alunos e lhes via no
rosto uma expressão doce de eterna gratidão - Se não tivesse sido o Senhor
Professor ...não sei o que teria sido de mim! Depois, casei-me com uma
professora e voltei a ter de me habituar a compartilhar o meu dia-a-dia, o
meu computador, os meus tinteiros, os meus dossiers, o meu papel, as minhas
canetas, com milhares de outras crianças e adolescentes. Voltei a ter de me
habituar a aguardar a sua chegada tardia, os trabalhos para corrigir, as
aulas para preparar. Com a diferença de agora, a tudo isso, se somarem
milhares de páginas de legislação para ler, a grande maioria escrita num
português que envergonharia os meus pais e grande parte dos seus ex-alunos;
dezenas de relatórios para redigir; novas metodologias de ensino para
estudar; manuais diferentes de ano para ano para analisar; telefonemas para
pais de alunos problemáticos a efectuar; acompanhamento de alunos com
dificuldades, reuniões de pais, reuniões de avaliação, reuniões de
preparação, reuniões de grupo, assembleias de escola, visitas de estudo,
estudo acompanhado, aulas de substituição, vigilância de exames. Confesso
que ao longo dos anos, fui conseguindo roubar à escola, um pouco de tempo
para mim. Mas, mesmo desse tempo roubado a custo, muito era passado a falar
da desmotivação generalizada causada pelo desleixo, pela falta de
objectivos, pela ausência de meios, pela violência, pela falta de
autoridade, enfim, por tudo aquilo que o Professor Nuno Crato tão bem
descrevia nas suas análises. Durante estes muitos anos a viver com
professores, nunca me passou pela cabeça perguntar-lhes quantas horas
trabalhavam. Mas, fazendo um esforço de memória, sou capaz de contabilizar
os milhares de horas que o seu trabalho para a escola roubou à minha
família. Os milhares de refeições em conjunto que não se realizaram, os
milhares de conversas que não pudemos ter, os milhares de madrugadas
passadas em claro, os milhares de filmes que não vimos juntos, os milhares
de musicas que não ouvimos, os milhares de livros que não lemos, os milhares
de passeios que não demos. Não sei se esses milhares e milhares de horas
perfazem as tão badaladas 40 horas de trabalho por semana que agora se
discutem, mas sei que se fosse professor estaria a favor dessas 40 horas de
trabalho semanais, desde que realizadas integralmente na escola, sem nunca
mais, ter de trazer trabalho para casa, de gastar uma gota de tinta do
tinteiro da minha impressora, de ocupar um byte de memória do meu
computador, de usar uma folha da minha resma de papel, de ocupar a minha
sala com trabalhos de alunos, de perder as minhas noites, os meus
fins-de-semana, os meus dias de descanso com a preparação de aulas, reuniões
ou relatórios. Se assim for, pelo menos, numa coisa os professores passarão
a ser efectivamente iguais a todos os outros funcionários públicos, que
deixam o seu trabalho e os seus problemas laborais na porta de saída da
repartição. Infelizmente não acredito que assim seja e o que acontecerá é
que os milhares de professores, mal pagos, mal amados, maltratados,
continuarão a acumular às 40h que agora se pretendem instituir, milhares e
milhares de horas de trabalho gratuito roubadas às suas famílias, ao seu
descanso, ao seu lazer, pelo simples motivo de se orgulharem de ensinar e
não permitirem que os mesmos políticos, pedagogos e supostos especialistas
em educação instalados no Ministério há anos, destruam a essência da sua
profissão. Caro Professor Nuno Crato, é por isto que os seus colegas de
profissão estão em greve e não entender isto é não entender nada sobre
educação. Por isso, não se admire se um destes dias forem eles a fazer
aquilo que o professor tanto prometeu, mas não teve coragem de cumprir:
implodir o Ministério da Educação em defesa da educação em Portugal.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

estratégia para a felicidade

Usa uma estratégia para alcançar a felicidade! 
Há quem ache que as pessoas felizes e infelizes já nascem feitas. Mas não é assim. 
Quer umas quer outras fazem coisas que criam e reforçam o seu estado de espírito.
As pessoas felizes permitem-se ser felizes, as outras continuam a fazer coisas que as aborrecem, prejudicam, contribuem para a sua infelicidade...
As crianças nisso são mais espertas que os adultos, não se permitem ser infelizes, pois tudo que imaginam
acham que é alcançável.
Mas porquê é que não pode ser? É tudo uma questão de estratégia, uma questão de querer, de vontade, de lutar.
Já pensaram que enquanto estamos nesse caminho estamos felizes, a felicidade está no caminho trilhado até uma meta e não no obter a meta. 
Quando uma meta é alcançada, temo de criar outra para continuarmos felizes, para continuarmos a ter um caminho a trilhar, sozinhos ou acompanhados (eu prefiro a segunda hipótese), mas felizes.  

terça-feira, 4 de junho de 2013

Não há Dicas para Namorar e Casar!?

Nunca me ensinaram as coisas realmente úteis: como é que um rapaz arranja uma noiva, que tipo de anel deve comprar, se pode continuar a sair para os copos com os amigos, se é preciso pedir primeiro aos pais, se tem de usar anel também. Palavra que fui um rapaz que estudou muito e nunca me souberam ensinar isto. Ensinaram-me tudo e mais alguma coisa sobre o sexo e a reprodução, sobre o prazer e a sedução, mas quanto ao namorar e casar, nada. E agora, como é que eu faço?

Passei a pente fino as melhores livrarias de Lisboa e não encontrei uma única obra que me elucidasse. Se quisesse fazer cozinha macrobiótica, descobrir o «ponto G» da minha companheira para ajudá-la a atingir um orgasmo mais recompensador, montar um aquário, criar míscaros ou construir um tanque Sherman em casa, sim, existe toda uma vasta bibliografia. Para casar, nem um folheto. Nem um «dépliant». Nada. Nem um autocolante. Para apanhar SIDA sei exactamente o que devo fazer. Para apanhar a minha noiva não faço a mais pequena ideia.

Porque é que o Ministério da Juventude, em vez de esbanjar fortunas com iniciativas patetas (como aquela piroseira fascistóide dos Descobrimentos) e anúncios ridículos (como aqueles «Ya meu, numa boa!» do Cartão Jovem), não edita um bom folheto sobre o Casamento? A gente dispensa a doutrina da Igreja sobre o assunto, as opiniões de Alberoni e até as máximas de D. Francisco Manuel de Mello. Bastava um livro técnico, com indicações precisas. Por exemplo, listas de joalheiros, preços de anéis, vantagens dos lençóis de linho, a legislação em vigor, boas frases para fazer a proposta («Se não te importas, casa comigo»), como é que se vai vestido, onde é que se aluga a vestimenta, como é que se consegue reservar aquela capela linda que se viu um dia em Sintra, quantos padrinhos é que se pode ter, «et caetera».

Mas nem tudo é negrume. Portugal já recomeçou a namorar. Com um bocadinho de tempo e de paciência, não tarda que reaprenda a casar. Se as pessoas querem viver umas com as outras, óptimo. Mas se querem casar deviam casar o casamento pesado, «heavy metal», comprometidíssimo, com comunhão de bens, prestações de electrodomésticos (de preferência difíceis de pagar), filhos, sogros, problemas com os pedreiros e a clara ameaça de não poder ser enterrado em terra sagrada em caso de adultério. Senão mais vale, simplesmente, pecar.

Enquanto Portugal não retoma o gosto de casar, pode ir experimentando, alegremente, cheio de problemas e de medo, mas nas tintas para isso tudo; pode ir cambaleando, de anel no dedo, preso, aprisionado e absolutamente apaixonado, «a-noivar».

Miguel Esteves Cardoso, in 'As Minhas Aventuras na República Portuguesa'

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Urgentemente

É urgente o amor
É urgente um barco no mar

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos, muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"

terça-feira, 28 de maio de 2013

Human Beings Are Getting Dumber

depois de ler... façamos um esforço, façamos algo para contrariar tal estudo.
ainda acredito na capacidade humana! 

Just look at all the amazing innovations modern technology has given us: at-home HIV tests, motion-activated screwdrivers and self-inflating tires. It’s easy to look down on our prehistoric ancestors for their primitive, electric screwdriver-less way of life. But one scientist says we shouldn’t be so quick to judge.
In a two-part paper published in the journal Trends in Genetics, Stanford University researcher Gerald Crabtree suggests that evolution is, in fact, making us dumber — and that human intelligence may have actually peaked before our hunter-gatherer predecessors left Africa.
The reason? Life on the veldt was tough, and prehistoric humans’ genes were constantly subjected to selective pressure in an environment where the species’ survival depended on it. For humans, that meant getting smarter. ”The development of our intellectual abilities and the optimization of thousands of intelligence genes probably occurred in relatively non-verbal, dispersed groups of peoples before our ancestors emerged from Africa,” Crabtree said in a news release.
The urbanization that followed the development of agriculture simplified survival by removing some of its challenges, which likely weakened natural selection’s ability to eliminate mutations associated with deficiencies in intelligence. Crabtree estimates that over the last 3,000 years (about 120 generations), humans have sustained at least two mutations that have eroded our intellectual and emotional intelligence.
“A hunter-gatherer who did not correctly conceive a solution to providing food or shelter probably died, along with his or her progeny, whereas a modern Wall Street executive that made a similar conceptual mistake would receive a substantial bonus and be a more attractive mate,” Crabtree wrote in the paper. He also noted that the average Athenian from 1000 B.C. would rank among the smartest and most emotionally stable in today’s society.
Not everybody agrees with Crabtree’s reasoning, however. Steve Jones, a geneticist at University College London, believes there is insufficient data to support his theory. ”Never mind the hypothesis, give me the data, and there aren’t any,” Jones told The Independent. “I could just as well argue that mutations have reduced our aggression, our depression and our penis length, but no journal would publish that. Why do they publish this?”
Crabtree does argue that no matter how deteriorated our intellectual abilities may have become over the millennia, advancements in technology will someday render these changes insignificant.
“I think we will know each of the millions of human mutations that can compromise our intellectual function and how each of these mutations interact with each other and other processes as well as environmental influences,” Crabtree said in the release. “At that time, we may be able to magically correct any mutation that has occurred in all cells of any organism at any developmental stage. Thus, the brutish process of natural selection will be unnecessary.”

segunda-feira, 27 de maio de 2013

o Nó...

 
É um nó que aperta.
És um nó que aperta, que não se desembaraça. 

És uma espécie de vertigem do abismo, do desconhecido, do desconhecido que conheço e me atrai, que amo.
És um nó. 
Agora me deito, tentei fechar os olhos com tanta força para não sentir a tua falta, só tenho a tua sombra, fria e cinzenta. 
Cubro-me até ao pescoço com medo que aperte outra vez, que me sufoque e fique sem ar, mas o que eu gosto de ficar sem ar contigo, o nós.